In the following article the author forgets that the Ocean Club driver and the Euclides Monteiro stories were published in the Portuguese media for the first time!
http://www.ionline.pt/artigos/portugal/maddie-pj-avisa-ingleses-nao-quer-ver-investigacao-nos-jornais/pag/-1Por Carlos Diogo Santos
publicado em 3 Mar 2014
Os inspectores da PJ salientam que na "cooperação internacional não há espaço para estados de espírito"
As diferentes estratégias de comunicação entre as autoridades portuguesa e britânicas no caso Maddie estão a incomodar a PJ. O desconforto chegou ao ponto de a Judiciária avisar a Metropolitan Police que se recusa a fazer a investigação através dos jornais. Desde que a polícia inglesa decidiu investigar por conta própria o desaparecimento de Madeleine McCann que a imprensa inglesa passou a divulgar com frequência informações sobre as diligências em curso. Boa parte destas notícias acabou por se revelar infundada, afastando cada vez mais a possibilidade de uma cooperação com a PJ. Em causa está o facto de as duas polícias terem linhas de investigação diferentes e também as políticas de comunicação serem opostas, confirmaram ao i alguns inspectores, que preferiram não se identificar.
Segundo fontes conhecedoras do processo, a PJ terá já informado as congéneres britânicas que "quer continuar a fazer a sua investigação no processo e não nos jornais". Uma chamada de atenção para deixar claro que não querem que as fontes da polícia inglesa se pronunciem sobre supostos factos da investigação portuguesa. Até porque, segundo dizem, é algo que os britânicos não conhecem. Em Portugal está em curso uma investigação conduzida por uma equipa do Porto, mas são elementos da PJ de Portimão que têm respondido às cartas rogatórias enviadas pelos ingleses, ou seja, os pedidos de auxílio à investigação de Londres.
A estratégia dos portugueses - de não tornar públicas informações sobre a sua investigação - era já do conhecimento dos britânicos, mas algumas notícias citando fontes anónimas da Metropolitan Police terão forçado este aviso. "A PJ vai continuar com a necessária discrição, o que é do conhecimento da sua congénere britânica. A comunicação social está fora da nossa equação durante a investigação. E se nunca foi dito que há suspeitos é porque não há nada suficientemente forte", esclareceu fonte policial.
Ainda na última semana foi publicada uma notícia em Portugal dando conta de que os ingleses tinham recebido da Judiciária um dossiê secreto sobre assaltantes que viviam no Algarve e que poderiam até já ter cometido crimes contra crianças. Ao i, a mesma fonte garante que essa informação é falsa: "Não foi entregue qualquer dossiê secreto à Metropolitan Police." Outro elemento próximo do processo explicou, porém, que aquilo a que os britânicos chamaram dossiê secreto pode não passar da lista de pessoas com cadastro que residiam próximo da Praia da Luz e que a PJ enviou no âmbito do cumprimento de uma carta rogatória.
Nos últimos meses, os media ingleses noticiaram cada suspeito da Scotland Yard, publicaram os retratos robô da polícia - que o i revelou terem sido feitos afinal por detectives pagos pelos pais da criança - e trouxeram a público o envio das três cartas rogatórias dos investigadores ingleses antes de as autoridades portuguesas tomarem conhecimento desses pedidos de auxílio internacional.
Foi feita uma reconstituição da noite do crime - que não foi filmada em Portugal - e transmitida em Inglaterra, Alemanha e Holanda. Após as "milhares de pistas" que a Metropolitan Police disse aos media ter recebido na sequência da emissão dos programas de televisão, a estratégia continua a ser o rastreamento de telemóveis dos que estavam perto do aldeamento Ocean Club na noite de 3 de Maio de 2007, dia em que a criança desapareceu.
Para os elementos da PJ contactados pelo i, estes comportamentos não vão afectar a cooperação entre as duas polícias. "As rogatórias serão cumpridas da forma mais empenhada possível, porque na cooperação internacional não há espaço para estados de espírito", rematou fonte da PJ.