Author Topic: Leonor Cipriano - The arrest and arraignment  (Read 25183 times)

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Offline Carana

Re: Leonor Cipriano - The arrest and arraignment
« Reply #60 on: March 20, 2015, 08:22:28 AM »
Part 3

A.P.- Mas o que lhe disse em concreto o seu filho?

L.S. – Os homens pegaram na Joana, deitaram-na num carro e foram com muita força. Era o que ele dizia já quando estava na Catraia, em Portimão. Por isso é que se diz que calhando foi alguma conversa que ouviu.


Tio de Joana ou estava embriagado ou foi instruído para confessar a morte e esquartejamento da sobrinha no vídeo exibido em tribunal


A.P. – Você viu o vídeo exibido durante o julgamento da sua mulher e do seu cunhado no Tribunal de Portimão, em que João Cipriano assumia ter morto a Joana e esquartejado o corpo, escondendo-o numa arca frigorífica. O que acha desta confissão?

L.S. – Acho é que ele estava era com os copos…

A.P. – Ao que se sabe, acompanhou-o no dia em que ele fez essa reconstituição na casa onde morava a Joana…

L.S. – Acompanhei. A Judiciária foi-me buscar à sucata porque eu é que tinha a chave de casa. Fomos para a Penina à espera de mais pessoal da polícia. Depois, fui para o bar de um posto de abastecimento de combustível com dois agentes da PJ beber uma cerveja. Entretanto, chegou o carro com o João e outros da Judiciária. Mandaram-me entrar para esse carro, mas proibiram-nos de conversar. O João estava lá com uma cerveja na mão e ainda estava agarrado a outra. Embora não o conheça bem, acho que ele estava alcoolizado quando andou dentro de casa a fazer aquilo que se viu no tribunal. E eu nem sequer entrei. Só abri a porta. Depois, eles é que andaram enrolados lá dentro. Eu estive sempre cá fora. No vídeo que passou no tribunal, vê-se que o João não estava normal na altura. Ou estava instruído para fazer aquilo ou encontrava-se embriagado. Alguma coisa ele tinha.

A.P. – Mas o que lhe pareceu ele ter assumido que cortou o corpo da Joana em várias partes?

L.S. – As facas que tinha em casa eram todas de cozinha, mas pequenas. E quase nem com um palmo de lâmina. Nunca tive facas grandes. O que é que o João teria lá em casa para fazer aquilo que disse à Judiciária? Só se fosse pedir emprestado a algum vizinho um machado ou um serrote. Por outro lado, a arca frigorífica onde ele diz que meteu o corpo é pequena. Só tentar meter dois frangos dentro do congelador, verá que não cabem. Depois, tem três gavetas. Para um corpo entrar no interior, tinham de tirar as gavetas, tudo para fora. A Leonor nem se ajeita a cortar um frango quanto mais cortar o corpo da Joana.

A.P. – E o João teria coragem e capacidade para tal?

L.S. – Ter, tem. Como diz a mãe dele, por droga ele é capaz de fazer tudo. Mas também nada me garante que o tenha feito. O João gostava muito da sobrinha.

A.P. – Seria mais capaz de a matar ou vender?

L.S. – Por droga, seria mais capaz de a vender. Às vezes podia haver dívidas ou coisa assim. O que a Leonor me disse, ao fim de um dia ou dois, é que mandou a Joana às compras e o João seguiu logo atrás dela. E que se alguém sabe o que aconteceu à miúda, será ele.

A.P. – Alguma vez pediu explicações ao seu cunhado?

L.S. – Não.

A.P. – Porquê?

L.S. – Porque ele disse que quando saiu foi à minha procura. Mas na altura, a Leonor ficou desconfiada com o irmão.


Fuga da jovem austríaca faz renascer esperança de que Joana está viva

A.P. – Falou em droga. Qual o tipo de droga que João Cipriano consumia?

L.S. – Tudo. Mas para a veia penso que não. Agora, haxixe e pó…

A.P. – E a Leonor também consumia estupefacientes?

L.S. – Nem sequer bebia quanto mais se drogar. Só às vezes bebia um licorzinho.

A.P. – O que pensou quando viu as notícias sobre a jovem austríaca Natascha Kampusch que fugiu do raptor após ter ficado sequestrada na cave de uma casa durante mais de oito anos?

L.S. – Pensei logo que devia acontecer o mesmo à Joana. Não digo já, já, já. Mas nem que fosse daqui a cinco ou seis anos. Se ela estiver na mesma situação em que esteve aquela rapariga austríaca, terá expediente para se libertar. A Joana é muito esperta. Mesmo para a idade (oito anos) que ela tinha quando desapareceu, já era esperta demais. Enquanto há vida há esperança. E não há nada que se faça nesta vida que não se venha a saber. Depois, a gente veria…

A.P. – O que faria nessa altura?

L.S. – Não sei… Isso é que é mais difícil de dizer. Mas alguém há-de pagar por aquilo que passei. Oxalá que ela apareça um dia. A gente depois conversa…

A.P. – O que pensa da acção desenvolvida primeiro pela GNR e depois pela PJ para tentar descobrir a Joana?

L.S. – Acho que os homens da Judiciária de Portimão não eram agressivos. Sabiam conversar connosco e tentavam, pelo menos, descobrir alguma coisa. Enquanto isso, os de Faro logo no primeiro dia que nos vieram buscar, foi logo para nos bater quando lá chegámos. Primeiro era porrada, depois é que faziam as perguntas. Acho que se a PJ de Portimão tivesse continuado com a investigação, se calhar tinham sacado alguma coisa de algum lado.

A.P. – E a GNR?

L.S. - Tinha um prazo para fazer o serviço, como nos disseram. Não sei quem falhou. Antes, disseram que só passadas 24 horas após o desaparecimento da Joana é que podiam começar a procurá-la como estipula a lei. Acho isso chato porque se trata de uma criança. Se fosse um adulto com 18, 20 anos, seria diferente. Podia ter ido ter com a namorada ou com o namorado. Agora, com uma criança de oito anos ainda ter de esperar 24 horas para ser dada oficialmente como desaparecida e ir à procura, é que é estranho.


Deviam ter fechado a casa para ninguém lá entrar



A.P . - Também estranhou o facto de a polícia não ter ido logo à casa onde vivia a Joana e selado o espaço?

L.S. – Olhe, essa é outra! Quando lá foram, em vez de não me deixarem ali dormir, tinham selado a casa. Deviam ter fechado a casa para ninguém lá entrar. Eu teria tirado apenas alguma roupa e pronto. A casa tinha de ser selada. Já ouvi muita gente a dizer o mesmo. Depois, dizem que as provas foram destruídas.

A.P. – Como tem sido a sua vida nestes dois últimos anos?

L.S. – Agora está melhor. A vida também não pode parar. Mas no princípio, quando a Joana desapareceu, foi difícil e não só para mim.

A.P. – Qual foi o momento mais difícil?

L.S. – Devem ter sido os castigos que levei na Judiciária, onde me chamaram tudo e mais alguma coisa. E fui agredido sempre que lá me levaram. Mas com as porradas aguento bem. Cá fora, o pior foi a gente passar na rua e ouvir as pessoas a insultar-nos. Cada um diz aquilo que quer e a gente não pode responder. Até evitei ir a certos cafés. Mas hoje, já entro em todos. Já não ouço nada. Agora, toda a gente me cumprimenta e fala bem tanto na Figueira, como na Mexilhoeira-Grande, onde vivo. Mas mesmo quando vou a Portimão ou outros sítios, não sinto qualquer problema.

A.P. – Anda de cabeça erguida?

L.S. – Sempre andei.

A.P. – E como estão os seus dois filhos?

L.S. - Bem. Já estão na Catraia, em Portimão, vai fazer dois anos. Mas em breve vão sair. Em princípio, o Ruben ficará com a minha mãe, que mora na Mexilhoeira-Grande. E a Lara vai ficar com a minha irmã, que reside na zona da Companheira, em Portimão.
A.P. – Como é a sua relação com eles?

L.S. – É boa. Vou buscá-los à Catraia todos os domingos. O meu Ruben já me pediu para voltar para casa definitivamente. Gosta de estar onde está, mas a família é diferente, como é natural.

A.P. – Têm ido ver a mãe à cadeia de Odemira?

L.S. – A minha mãe está a tratar disso para ver se lá vão.

A.P. – E há quanto tempo você não visita a Leonor?

L.S. – Nem sei. Se calhar, há um ano.

A.P. – Porquê?

L.S. – Porque entretanto me roubaram os documentos. E sem estes não posso lá entrar. Tenho de arranjar novos papéis. É só esse o motivo e ela sabe.

A.P. – O que escreve a Leonor nas cartas que envia à família?

L.S. – Pede dinheiro e mais alguma coisa que lhe falta. E pergunta quando é que vamos vê-la. Diz que sente muitas saudades dos filhos, que Deus é grande e ela está inocente. E eu continuo a acreditar na inocência dela. Há alturas em fico assim em dúvidas, mas estou convencido de que a Leonor está inocente.

A.P. – Em que alturas ainda duvida dela?

L.S. – Sei lá, às vezes quando estou para aí e paro para pensar se ela está inocente ou não. E isto porquê? Porque ela uma vez quis envolver-se neste caso, dizendo à Judiciária que eu a ajudei a esconder o corpo da Joana e que o Carlos Pinto o tinha levado para a sucata onde trabalhava. E às vezes fico a pensar: mas porque é que ela nos fez isso? Por outro lado, também penso que calhando foram coisas metidas por eles na cabeça dela.
A.P. – Você chegou a estar arguido no processo…

L.S. – É verdade. Fiquei um bocado embaralhado, sabendo que nada tenho a ver com o assunto. Mas o caso foi arquivado. Só tive de ir a tribunal como testemunha no julgamento, em que também só falei porque entendi falar. Não era obrigado a fazê-lo por ser familiar dos detidos (Leonor Cipriano e o seu irmão João Manuel). Mas fiquei um bocado atrapalhado.


Esperava a absolvição de Leonor

A.P. – Como viu o julgamento?

L.S. – Estava tão nervoso, que nem sei como vi aquilo. Sabia lá o que iam pensar de mim.

A.P.- Esperava a condenação ou a absolvição de Leonor?

L.S. - Estava à espera que saísse em liberdade.

A.P. – Quando ouviu a sentença a condená-la a mais de 20 anos de prisão, como se sentiu?

L.S. – Parece que o tempo parou. Sei lá… Fiquei à toa. Agora, sinto-me melhor porque, com os recursos apresentados pelo advogado, a pena já baixou. Pode ser que ele consiga ainda mais qualquer coisa.

A.P. – O que lhe disse a Leonor depois de ser condenada?

L.S. – Só dizia para confiar nela porque não matou a filha.

A.P. – Com tudo isto, o que aprendeu na vida?

L.S. – Há dias em que não se pode sair de casa. Se no dia em que Joana acabou por desaparecer, eu não tivesse saído de casa, nada teria acontecido. Mas hoje, sinto-me uma pessoa mais calma. Só saio de casa para trabalhar e ir ao café. Ou, então, para ir a Portimão à Catraia ver os meus filhos. Nada mais.

A.P. – Eles perguntam pela mãe?

L.S. – O Ruben é que pergunta muito, mas ainda não lhe contei. Quando eles vierem para junto de mim, dir-lhes-ei a verdade sobre onde está a mãe. Mas o Ruben já me puxou uma vez a conversa a dizer que a mãe está presa. Respondi-lhe que não, que a mãe apenas foi dar um passeio e não sei quando volta. Quando a Leonor foi presa, disse aos meus filhos que a mãe estava de castigo porque se portou mal.

A.P. – E perguntam pela Joana?

L.S – A Lara, não. Era muito pequenina, quando a irmã desapareceu. Quanto ao Ruben, perguntava de princípio. Agora, não.

A.P. – Como era a relação entre a Joana e os irmãos?

L.S. – Era boa. A Joana é que tomava conta deles enquanto a mãe estava fazendo outras coisas.

Se a Joana fosse maltratada então o meu Ruben e a minha Lara também o eram



A.P. – A PJ diz que encontrou cuecas da Joana com vestígios de esperma, concluindo por isso que ela era abusada sexualmente, além de ser vítima de maus-tratos como de resto consta de um outro processo. Como é que isso é possível?

L.S. – Já disseram que os vestígios de esperma eram meus. Depois, diziam que era do Carlos Pinto, que vivia na mesma casa. Chegaram a dizer que era do meu irmão Beto. Mais tarde, disseram-me para estar à vontade, que nada tinha a ver comigo. Fiquei sem saber o que se tinha passado.

A.P. – Mas como podia haver vestígios de esperma na roupa da menina?

L.S. – Também me faz confusão. Não sei. Acho que isso está muito mal contado por parte da Judiciária.

A.P. – Admite que tivesse havido falta de cuidado por parte da Leonor ao limpar a casa e ao tratar da roupa dos filhos?

L.S. – A casa estava sempre limpa. A roupinha estava sempre no cesto para lavar. Quando um dia apareceram lá em casa técnicas da Comissão de Protecção de Menores devido a uma queixa que dizia que a miúda era maltratada, mesmo essas senhoras arquivaram o processo porque viram tudo bem. Eram 11.00 horas e a minha mulher estava a fazer o almoço para os miúdos. E nem sonhava que iam lá a casa. Só não gostaram muito que os miúdos estivessem a comer bolachas. E pediram para que não o fizessem muitas vezes, alegando que as bolachas fazem mal. Gostava de saber quem foi a pessoa da Figueira, que foi contar à Comissão de Protecção de Menores que a Joana era maltratada. É mais uma que penso que foi dessa senhora que acabou por ir para Inglaterra por altura do julgamento da Leonor e do João. Desconfio dela em tudo. A minha mulher nunca foi má mãe para os miúdos. Houve muita especulação no meio de tudo isto. Se a Joana fosse maltratada, então o meu Ruben e a minha Lara também o eram. Com seis meses, o meu Ruben tinha umas pernas que eram mais grossas do que os meus braços.

A.P- Ainda pensa voltar a viver com a Leonor se um dia se provar que, afinal, ela está inocente?
L.S. – Agora, já não sei. Mas acredito que ela está inocente.
A.P- Com 40 anos, de que forma você está a tentar refazer a sua vida?
L.S. – Tenho há oito meses uma nova companheira. Vamos a ver até quando.

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http://www.algarvepress.net/conteudo.php?menu=-1&cat=Regional&scat=Reportagem&id=136

Offline Carana

Re: Leonor Cipriano - The arrest and arraignment
« Reply #61 on: July 15, 2015, 11:34:49 AM »
Question: on which date did Leonor "confess"?

Offline John

Re: Leonor Cipriano - The arrest and arraignment
« Reply #62 on: July 15, 2015, 01:00:03 PM »
Question: on which date did Leonor "confess"?

Depends on what you mean Carana.  Confess to her interrogators and Leandro or confess whilst before the examining magistrate?
« Last Edit: July 15, 2015, 01:12:37 PM by John »
A malicious prosecution for a crime which never existed. An exposé of egregious malfeasance by public officials.
Indeed, the truth never changes with the passage of time.

Offline Carana

Re: Leonor Cipriano - The arrest and arraignment
« Reply #63 on: July 16, 2015, 09:07:56 AM »
Depends on what you mean Carana.  Confess to her interrogators and Leandro or confess whilst before the examining magistrate?


She was initially charged and held on remand on 24 Sept.

No dia 24 de Setembro de 2004, no inquérito 330/04.2JAPTM da comarca de Portimão, foi determinada a prisão preventiva de Leonor Maria Domingos Cipriano, indiciada por crimes de ofensa á integridade física qualificada agravada pelo resultado – artigos 143o, 145o, no 1, alínea a) e 146o do Código Penal - e de ocultação de cadáver – artigo 254o, no1 do Código Penal;
(From the torture trial).

According to one article, the ruling was announced in the early hours of 25 Sept, so I'm guessing that the hearing was latish evening and she'd been rushed over to court with a bow on her.